#10 – Tendências ESG para 2024 e além
Conheça os movimentos que impulsionam a agenda ESG no Brasil e no mundo e as tendências a que sua organização precisa estar atenta nas áreas ambiental, social e de governança
No fim da década de 1990, início dos anos 2000, Alfons Cornella (escritor espanhol especialista em tecnologia) juntou os termos intoxicação e informação em uma só palavra pela primeira vez para descrever a sobrecarga de informações resultado especialmente da popularização da internet. Foi assim que o termo infoxicação surgiu.
Desde então, o volume de informações compartilhadas – e o de canais de compartilhamento – só cresceu.
Para você ter uma ideia do que isso significa, olhando especificamente para a área que cobrimos em A Economia B, mais de 20 relatórios contemplando tendências ESG foram lançados pelas principais consultorias do mundo só entre o fim de 2023 e o início de 2024.
Nesse contexto, pode ser desafiador entender o que realmente importa. Achar que precisa ler tudo e que tudo é relevante é o caminho para a infoxicação.
Nossa missão é ser o seu Farol nessa jornada.
O sexto relatório da série “Estudos B” é fruto de uma análise aprofundada dos relatórios globais mais importantes sobre tendências ESG.
A partir desse trabalho, identificamos o que de fato tem o potencial de impactar as organizações brasileiras e “traduzimos” as principais descobertas para a realidade nacional.
Além disso, para complementar, conversamos com 20 especialistas brasileiros para saber o que eles pensam sobre os principais movimentos que devem impactar a adoção da agenda ESG nas empresas em 2024 e além.
Nesta edição do Farol da Economia Regenerativa, trazemos destaques do Estudo B #6 (que você pode ler gratuitamente, aqui) em três das nossas seções fixas (Você sabia que…; Empresas que são forças para o bem e Pensamentos que iluminam e ecoam), além da nossa curadoria semanal e algumas dicas culturais.
Boa leitura!
Head de Conteúdo A Economia B
*Farol da Economia Regenerativa é a newsletter semanal de A Economia B.
Leia o Estudo B #6 clicando na imagem abaixo:
Você sabia que…
… o metano (CH4) tem um poder de aquecimento 80 vezes maior do que o CO₂ durante seus primeiros 20 anos na atmosfera?
Segundo a Agência Internacional de Energia, esse gás (que é o principal componente dos combustíveis fósseis) é responsável por cerca de 30% do aumento médio da temperatura global desde a Revolução Industrial.
E ainda, o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas estima que entre 50% e 65% das emissões de metano vêm de atividades humanas.
Empresas que são forças para o bem
A pecuária é responsável por cerca de 22% das emissões de metano globais. Para ajudar a resolver esse problema, a Beeotec, uma startup brasileira de biotecnologia, desenvolveu um suplemento natural para a alimentação do gado que melhora a imunidade e a digestibilidade do animal. Além de reduzir custos com insumos, a inovação ajuda a diminuir significativamente a emissão de metano dos rebanhos.
Pensamentos que iluminam e ecoam
“Em meio ambiente, a crise climática é um (se não o maior) risco – para empresas, governos e sociedade. Como os extremos climáticos afetam produção, logística e outros setores da indústria, logo, haverá o crescimento da demanda para que as empresas intensifiquem seus esforços para mitigar riscos climáticos, adaptem-se e sejam ambiciosas nas suas ações.”
Lara Martins
Executiva Climática, no Estudo B #6
Curadoria do Farol
Produção: Francine Pereira, João Guilherme Brotto, Natasha Schiebel e Tom Schiebel
♻️ Governo Federal cria Comitê da Taxonomia Sustentável Brasileira
Considerada fundamental para o desenvolvimento de uma economia que seja mais favorável ao meio ambiente, a Taxonomia Sustentável Brasileira consiste em um sistema de classificação de atividades, ativos ou categorias de projetos que contribuam para a consecução de objetivos climáticos, ambientais e sociais, por meio de critérios específicos.
A função primordial do Comitê Interinstitucional criado na semana passada pelo Governo Federal será elaborar e aprovar o regimento interno, bem como acolher os planos e iniciativas de formulação e implementação da Taxonomia Sustentável Brasileira.
Além disso, também cabe ao comitê monitorar sua implementação e avaliar os resultados alcançados. Por fim, o comitê criará grupos técnicos responsáveis por definir critérios e limites de impacto ambiental e climático para atividades, ativos e projetos.
🌾 Ouroots Africa: sabedoria ancestral no combate ao plástico de uso único
Em colaboração com mulheres agricultoras, negócio de impacto de Uganda transforma grama nativa em canudos sustentáveis.
Desde 2019, os canudos naturais da Ouroots Africa já substituíram mais de 500 mil canudos de plástico.
A Ouroots e a SINA (Academia de Inovação Social onde a empresa surgiu) utilizam 100% dos lucros para beneficiar as agricultoras mulheres rurais e ampliar seu impacto e proteger o meio ambiente. Ou seja, além de recuperar a tradição ancestral de utilizar recursos naturais como canudo, a empresa também contribui para o desenvolvimento econômico local.
🤝 Deu match
Alex Birtles e Sarah Kingston se sentiam frustradas: apesar de saberem que existiam muitos negócios éticos em Londres (cidade em que moram), elas achavam difícil identificá-los facilmente em uma pesquisa na internet.
Para resolver esse problema, as duas criaram a In Good Company, plataforma que conecta pessoas a empresas realmente preocupadas com seu impacto socioambiental.
Lá, é possível encontrar desde cafeterias sociais e restaurantes sustentáveis até lojas ‘zero resíduos’ e salões de beleza ecológicos. Todos os negócios são revisados por especialistas e pela comunidade, e a plataforma se associa a provedores de certificações para mostrar o compromisso de cada empresa com as pessoas, o planeta ou a sua comunidade.
📈 Projeto Gaia: inteligência artificial na análise de riscos financeiros relacionados ao clima
Instituições financeiras precisam de dados acessíveis e de alta qualidade para modelar os riscos financeiros decorrentes das mudanças climáticas. Porém, a falta de padrões globais de relatórios dificulta essa missão.
Recentemente, bancos centrais de alguns dos principais centros financeiros do mundo anunciaram que estão usando uma ferramenta de inteligência artificial para superar esse desafio.
O projeto experimental Gaia, conduzido BIS (Banco de Compensações Internacionais) – um fórum de bancos centrais –, em colaboração com o Banco da Espanha, o Bundesbank da Alemanha e o Banco Central Europeu, conseguiu superar as diferenças nas definições e estruturas de divulgação, oferecendo transparência e facilitando a comparação de indicadores sobre riscos financeiros relacionados ao clima.
👣 Pegada de carbono da Inteligência Artificial
Você já parou para pensar sobre a pegada de carbono do uso de ferramentas de Inteligência Artificial?
O primeiro estudo que traz luz sobre esse tema foi desenvolvido por pesquisadores da startup de IA Hugging Face e da Universidade Carnegie Mellon e pode ser lido na íntegra (em inglês) aqui.
Os pesquisadores examinaram um total de 13 tarefas, que variam de resumo a classificação de texto, e mediram a quantidade de dióxido de carbono produzido.
Eles descobriram que gerar uma imagem usando inteligência artificial – seja para criar imagens de estoque ou fotos de identificação realistas – tem uma pegada de carbono equivalente a carregar um smartphone.
Por outro lado, um texto gerado por IA consome tanta energia quanto carregar 16% de uma carga completa.
Cobertura internacional: ChangeNOW
Sandrine Dixson-Declève é copresidente do The Club of Rome, plataforma que reúne líderes em busca soluções holísticas para questões globais complexas e que têm o objetivo de promover iniciativas políticas e ações para permitir que a humanidade supere as múltiplas crises que vem enfrentando.
No palco do ChangeNOW (maior evento de soluções para o planeta), ela falou sobre a importância de reconhecermos três grandes elefantes que estão na sala:
1) Países ricos são os que mais poluem;
2) Pessoas ricas nos países ricos são as que mais poluem;
3) Pessoas mais pobres do planeta são as que mais pagam por isso.
Segundo Sandrine, o caminho para a mudança passa pelo alívio da pobreza, pela redução das desigualdades e pelo empoderamento das mulheres. “Só assim poderemos enfrentar os desafios energéticos e alimentares”, disse.
João Guilherme Brotto, jornalista e cofundador de A Economia B que cobriu o evento que aconteceu em Paris, bateu um papo com Sandrine assim que ela deixou o palco.
A conversa na íntegra – assim como a cobertura completa do ChangeNOW – a gente publica em breve. Fica aqui um spoiler:
Farol Recomenda
[Documentário] Brave Blue World – A crise hídrica
Neste fim de semana, dando aquela navegada clássica pelo acervo da Netflix, decidi dar o play no documentário Brave Blue World – A crise hídrica. Que bela surpresa!
O documentário tem uma super cara de Farol em vídeo 😊: apresenta soluções desenvolvidas em diversos países – como Índia, Espanha, Colômbia etc. – para superar a crise hídrica.
[Podcast] Regras de sustentabilidade corporativa da Europa (CSDDD) e seus impactos no Brasil
Neste episódio do podcast Economia do Futuro, a host Melina Costa conversa com o advogado Bruno Galvão, do escritório alemão Blomsteim, sobre a Diretiva de Due Diligence em Sustentabilidade Corporativa, a mais rigorosa legislação europeia na área de sustentabilidade corporativa, que está na fase final de aprovação.
É uma conversa super esclarecedora sobre algo que pode até parecer distante, mas tem o potencial de impactar empresas brasileiras muito em breve.
[Livro] How to save our planet: The facts
É uma pena que este livro ainda não tenha sido traduzido para o português. Ele é didático, informativo e gostoso de ler – por tudo isso, aliás, vai virar material de consulta pra mim. 😊
Depois de resumir a história do planeta e da humanidade em dados confiáveis, o Professor Mark Maslin apresenta futuros possíveis, debate o poder dos indivíduos, das organizações e dos governos, e, por fim, enumera o que precisamos fazer até 2050 para criar o futuro que todos queremos, estabilizando as mudanças climáticas e protegendo o meio ambiente para que todas as pessoas possam ter a melhor vida possível.
A publicação de notícias sobre empresas não representa endosso às marcas citadas. Nossa tarefa é reportar iniciativas e fatos que podem de alguma forma inspirar melhorias no seu negócio, na sua carreira ou no seu dia a dia.
O Farol da Economia Regenerativa condena práticas como greenwashing, socialwashing, diversitywashing e wellbeing washing. As informações compartilhadas aqui passam por um processo de checagem feito pelo nosso time de jornalistas, porém, sabemos que muitas vezes à primeira vista pode não ser fácil distinguir iniciativas legítimas de tentativas de greenwashing, por exemplo. Caso você acredite que algo não deveria estar aqui, fique à vontade para nos procurar.