#17 E se os combustíveis fósseis não fossem subsidiados?
CEO da We Don't Have Time, a maior plataforma de mídia para ação climática do mundo, conta o que pessoas e empresas podem fazer para deixar de financiar combustíveis fósseis
Se você lê a Farol* há algum tempo, já deve ter percebido que uma das coisas que a gente mais gosta é de “ir pra rua” cobrir eventos e conhecer pessoas e empresas que estão de fato agindo para (tentar) mudar o mundo.
Desde que a nossa primeira edição foi ao ar, publicamos uma série de entrevistas e matérias especiais que só foram produzidas porque sair da redação (termo chique pra me referir ao nosso bom e velho escritório em casa) para descobrir essas histórias faz parte da nossa rotina.
Inclusive, neste exato momento, estou em um trem com destino a Madrid. Lá, vou acompanhar um debate sobre comunicação para sustentabilidade organizado pela agência de publicidade Apple Tree em parceria com o B Lab Spain – a organização responsável por certificar as empresas B aqui na Espanha. Enquanto isso, o João está voando para Amsterdam para cobrir o B For Good Leaders Summit. 🙂
O principal destaque dessa edição da Farol é mais uma entrevista exclusiva feita em uma dessas ocasiões.
Durante o ChangeNOW, principal evento de soluções para o planeta (que aconteceu recentemente, em Paris), o João teve a oportunidade de entrevistar Ingmar Rentzhog, fundador da We Don’t Have Time, maior plataforma de mídia para ação climática do mundo.
No vídeo que você assiste a seguir, ele detalha o que o motivou a se tornar um ativista climático e comenta algumas ações da We Don’t Have Time para expor o greenwashing e conscientizar pessoas sobre o destino de seus investimentos.
Além de ser uma boa história sobre um ativista climático, traz questionamentos importantes e uma mensagem otimista.
E aí, seus investimentos financiam combustíveis fósseis?
Natasha Schiebel
Diretora de Conteúdo A Economia B
PS: Se quiser fazer algum comentário, dar uma sugestão de pauta ou só trocar uma ideia, fique à vontade para me escrever – natasha@aeconomiab.com
*Farol é a newsletter semanal d’A Economia B.
Deu n’A Economia B
🔥 Aumento de 1°C na temperatura global pode reduzir o PIB em até 12%
Danos econômicos das mudanças climáticas são seis vezes piores do que se pensava. Aquecimento global de 2,5°C pode deixar a economia 50% mais pobre até 2100.
☀️ Crescimento de energias renováveis no Brasil está atrelado à grilagem de terras
Estudo publicado na revista Nature Sustainability detalha como a expansão rápida da geração de energia eólica e solar nas últimas duas décadas favoreceu o avanço irregular de empresas sobre terras públicas para a instalação de usinas no Brasil, em especial no Nordeste.
🇧🇷 Iniciativa da ajuda acelerar processo de naturalização de refugiados no Brasil
Campanha Reviews for Naturalization, desenvolvida pela Heinz em parceria com a agência de publicidade Africa, convida clientes de hamburguerias a escreverem resenhas positivas sobre os funcionários refugiados para ajudá-los no processo de naturalização.
Você sabia que…
… apenas 17% do lixo eletrônico em todo o mundo é reciclado? Isso significa que esses resíduos são descartados de forma inadequada e se espalham muito além dos aterros sanitários, levando à contaminação da água e à poluição do ar.
Além disso, um estudo da Universidade da Califórnia Irvine aponta que as emissões de GEE na atmosfera provenientes de dispositivos eletrônicos e seus resíduos aumentaram 53% entre 2014 e 2020, incluindo 580 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) somente em 2020.
De acordo com a análise, se as empresas utilizassem tecnologias com vida útil mais longa poderiam reduzir drasticamente o lixo eletrônico (em até 28 milhões de toneladas métricas) e, consequentemente, suas emissões de CO2 e outras formas de poluição.
Empresas que são forças para o bem
A Flori Tech busca revolucionar o gerenciamento de resíduos com tecnologia e inovação. Um dos caminhos encontrados para isso foi o desenvolvimento de uma máquina de coleta de itens recicláveis que possui sensores inteligentes para identificação de resíduos.
O processo simplifica o descarte e, utilizando gamificação e educação ambiental, engaja os usuários. Além disso, o sistema gera dados de descarte que são enviados em tempo real.
Projetada para locais como escolas, escritórios e shoppings, a máquina da Flori Tech possui sensores inteligentes, oferece feedback instantâneo e notifica automaticamente os gestores quando o armazenamento está quase cheio.
Saiba mais: flori.tech
A Ambipar oferece serviços de gestão ambiental com foco na sustentabilidade e na economia circular.
Com sete plantas dedicadas, a Ambipar transforma resíduos em combustível através de processos como coprocessamento, caldeira de biomassa, biogás e biometano – apoiando a transição energética das indústrias.
Além disso, a empresa valoriza os resíduos pós-consumo e pós-indústria, reinserindo-os na cadeia produtiva para promover uma economia de baixo carbono, reduzir a extração de recursos naturais e oferecer créditos de reciclagem e compostagem.
Saiba mais: ambipar.com
A ReUrbi ajuda organizações a descartar lixo eletrônico de forma responsável ao mesmo tempo em que atua para diminuir a exclusão digital no Brasil.
Na prática, essa empresa B certificada oferece soluções de logística reversa para equipamentos eletrônicos de TI e Telecom, garantindo descarte certificado, e apoia projetos sociais através do Instituto ReUrbi de Inclusão Socioambiental, oferecendo equipamentos recondicionados a preços acessíveis.
De acordo com dados da empresa, o trabalho de reciclagem de equipamentos da ReUrbi já gerou mais de 1,3 toneladas de matérias primas para processamento final e 25 mil equipamentos recondicionados.
Saiba mais: reurbi.com.br
Deu n’A Economia B
Como o setor privado pode impulsionar sistemas de produção e consumo mais sustentáveis
O crescimento econômico não precisa acontecer às custas da degradação dos ecossistemas e do agravamento das mudanças climáticas.
É isso que propõe o ODS 12, que visa promover um sistema mais ambiental e socialmente responsável de produção e consumo.
Porém, para que as metas deste ODS possam ser alcançadas até o final da década, precisaremos ver mudanças significativas no modelo atual. Entre as questões prioritárias neste sentido, estão:
Gestão eficiente dos recursos naturais;
Redução do desperdício e da geração de resíduos;
Adoção de práticas industriais mais sustentáveis.
Neste artigo, revelamos como as empresas podem contribuir para superar o padrão insustentável de produção e consumo, rompendo com a visão de que só é possível obter lucro mediante a exploração de recursos naturais.
Além disso, indicamos práticas e ações que as empresas podem adotar para promover um modo de produção que proporcione crescimento econômico sem necessariamente esgotar nosso patrimônio natural. Por fim, contamos histórias de marcas que já desenvolvem boas iniciativas neste sentido.
Farol Recomenda
[Série documental] Other ways of living
“Other ways of living” é uma série documental criada pela WaterBear Network em colaboração com a Ellen MacArthur Foundation.
Composta por três episódios, a série explora o conceito de economia circular e como ele pode ser aplicado em nossas vidas diárias.
O primeiro episódio investiga as práticas de construção sustentável; o segundo foca na indústria da moda – uma das mais poluentes do mundo; e o último aborda o sistema alimentar global, que atualmente depende da monocultura industrializada e quimicamente intensiva.
A série “Other ways of living” está disponível gratuitamente na WaterBear, uma plataforma de streaming interativa dedicada à sustentabilidade e ação climática.
[Dia da Biodiversidade]
O relatório Living Planet, da WWF, é claro:
🚨 “A rápida e alarmante queda da vida selvagem nos alerta que a diversidade biológica, que sustenta toda a vida em nosso planeta, está em crise, colocando todas as espécies em risco – inclusive nós.”
Hoje, 22/05, 🌳 Dia Internacional da Biodiversidade 🌎, queremos chamar atenção para a nossa profunda interdependência com os ecossistemas globais que sustentam a vida na Terra.
A diversidade biológica afeta a produtividade e a estabilidade dos ecossistemas naturais, bem como serviços essenciais como produção agrícola, saúde humana e adaptação às mudanças climáticas.
Como parte da nossa missão de ajudar a promover uma economia melhor para as pessoas e para o planeta, também queremos destacar o papel do setor privado para a preservação e regeneração dos sistemas naturais do qual dependemos fortemente.
✨ O crescimento da economia não precisa acontecer às custas da perda da biodiversidade global. ✨
Mais do que uma decisão natural de preservar nossa "casa", a conservação da diversidade biológica é o único caminho para garantir uma economia resiliente no longo prazo.
Pensamentos que iluminam e ecoam
“O tema biodiversidade ainda é bastante incipiente e levará algum tempo até ser minimamente compreendido e incorporado pelo mercado. Envolve questões operacionais e estratégicas, como a adaptação dos sistemas de governança com especialistas no tema, dos processos, das ferramentas e das práticas internas para um melhor controle da informação, entre outros.
Iniciativas colaborativas relacionadas ao tema se tornarão mais proeminentes neste ano, como o SPRING, do PRI, e o Nature Action 100. Além disso, ferramentas já existentes de mensuração de riscos e oportunidades, como o Forest IQ, se tornarão mais reconhecidas. Podem também surgir novas ferramentas de mercado na busca por preencher lacunas de informação e gestão de dados.”
Laura Vélez
Head of ESG – fama re.capital, no Estudo B #6 – Tendências ESG para 2024
O Estudo B #6 detalha essas e outras tendências ESG. Ainda não leu?! Não perca tempo:
[Vem aí] Cobertura B For Good Leaders Summit 2024
Como disse na introdução, o João Guilherme Brotto – também conhecido como meu sócio e marido 🙂 – está a caminho de Amsterdam para cobrir o B For Good Leaders Summit, um evento que reúne líderes do mundo todo para debater ações para construir um futuro mais justo, equitativo e regenerativo.
Este é o segundo ano consecutivo que esse evento entra na nossa agenda.
A cobertura do ano passado rendeu uma série de materiais que, modéstia à parte, ficaram excelentes. 😀
Convido você a ler os artigos (aqui) e assistir os vídeos da playlist:
Dessa vez o João está fazendo o trabalho de campo sozinho. Mas assim que ele voltar da terra das bicicletas, das tulipas (e, pra mim, DO MELHOR CHOCOLATE DO MUNDO – já conhece a Tony’s Chocolonely? #ficadica), vamos unir forças para produzir mais uma super cobertura internacional.
Acompanhe a gente por aqui e nas redes sociais (LinkedIn, Instagram e YouTube) para não perder.
🇧🇷 O Brasil pelo Rio Grande do Sul
[Curso on-line gratuito] ESG: A importância para além da sigla
Neste curso você vai conhecer a visão da Box1824 (empresa de inteligência e estratégia de negócios e mercado) sobre ESG e entender por que esse conceito é fundamental para a construção de futuros desejáveis partindo de ações no presente.
A Box1824 incentiva que os interessados façam uma doação para ajudar o Rio Grande do Sul.
[Webinar] Crise climática e o futuro das mulheres
Tempos de crise afetam as mulheres de maneira desproporcional, violando seus direitos e tornando-as ainda mais vulneráveis. Diante deste cenário, é necessário discutir qual futuro se desenha e quais soluções podem ser construídas para lidar com a crise climática e os desafios ambientais que se impõem.
Buscando arrecadar doações para mulheres e meninas do Rio Grande do Sul, a Think Olga, ONG referência no debate público sobre economia do cuidado, realiza amanhã (quinta-feira, 23), às 10h, um webinar solidário que discutirá a “Crise Climática e o futuro das Mulheres”.
A inscrição do evento online tem um valor simbólico de R$ 10. Toda verba arrecadada será doada às mulheres e famílias vítimas da tragédia na região.
Além de Maíra Liguori, Diretora da Think Olga, participarão do webinar: Thaynah Gutierrez, Secretária executiva da Rede por Adaptação Antirracista e consultora da UNESCO e Sarah Marques, Líder Comunitária e integrante do Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste, Rede Mulheres negras de Pernambuco, Rede de Adaptação Antirracista e GT de Gênero e Clima do OC.
[Plataforma] Contrate o RS
As enchentes no estado do Rio Grande do Sul já causaram um impacto de 94,3% na atividade econômica do estado, de acordo com um estudo da Fiergs. Estima-se que 91% das empresas estão debaixo d’água.
A indústria de cultura e criatividade do Rio Grande do Sul é competente, premiada e reconhecida por exportar talentos. Mas, neste momento, precisa de ajuda imediata. Dentro do mercado gaúcho, não haverá oportunidades neste momento. Junto com isso, a economia e o sustento de muitos criativos irão sofrer fortes impactos.
A plataforma Contrate RS surge como um impulsionamento e um apelo aos contratantes do Brasil e do mundo: ajude a reerguer o Rio Grande do Sul contratando talentos locais.
Para seguir pensando
[via BBC] Forças sauditas têm 'licença para matar' para construir cidade futurista no deserto
[via Agência Pública] No Brasil, 3 a cada 4 vivem em municípios com mais risco de desastres causados por chuvas
[via Gênero e Número] “Em desastres climáticos, mulheres prestam atenção diferenciada desde o princípio”, Gabriela Couto, doutora em Ciência do Sistema Terrestre pelo INPE
[via Valor Econômico] Faria Lima precisa se aproximar da agenda climática
A publicação de notícias sobre empresas não representa endosso às marcas citadas. Nossa tarefa é reportar iniciativas e fatos que podem de alguma forma inspirar melhorias no seu negócio, na sua carreira ou no seu dia a dia.
A Farol da Economia Regenerativa condena práticas como greenwashing, socialwashing, diversitywashing e wellbeing washing. As informações compartilhadas aqui passam por um processo de checagem feito pelo nosso time de jornalistas, porém, sabemos que muitas vezes à primeira vista pode não ser fácil distinguir iniciativas legítimas de tentativas de greenwashing, por exemplo. Caso você acredite que algo não deveria estar aqui, fique à vontade para nos procurar.