#9 – Direto de Paris: debates e soluções para as principais urgências do nosso tempo
“Quanto mais nos importamos e quanto mais compartilhamos, mais nós temos.” Vandana Shiva, no ChangeNOW 2024
Começou hoje (25) o ChangeNOW, superevento de soluções para o planeta, que acontece até quarta-feira, em Paris.
João Guilherme Brotto, jornalista e cofundador d’A Economia B, está na capital francesa para conhecer iniciativas de impacto socioambiental e acompanhar os debates sobre as principais urgências do nosso tempo. A cobertura em tempo real acontece no Instagram e no LinkedIn. Nas próximas semanas, nos aprofundaremos no que o João trouxer de lá tanto em A Economia B, quanto aqui.
Nesta edição do Farol da Economia Regenerativa*, destacamos os primeiros insights enviados pelo João direto de Paris e, claro, compartilhamos nossa curadoria de notícias da semana, algumas dicas culturais e um spoiler do nosso próximo lançamento.
Boa leitura.
Natasha Schiebel
Head de Conteúdo A Economia B
*Farol da Economia Regenerativa é a newsletter semanal de A Economia B.
Como mudamos o mundo?
“Apesar do momento difícil que o planeta vive, nós temos os recursos necessários para reverter esse cenário: sabedoria e coragem.”
Foi assim que Santiago Lefebvre, CEO do ChangeNOW, abriu a edição deste ano do evento que se apresenta como o maior do mundo no que diz respeito a soluções para o planeta.
Depois que Santiago deixou o palco, quem apareceu no telão direto da Índia foi Vandana Shavi, ativista ambiental que é conhecida por defender a desobediência civil na luta por justiça, pelo planeta e pelo bem-estar social de todos.
Vandana falou sobre satyagraha, uma palavra indiana que significa resistência passiva ou não violenta, e elencou três critérios que fazem uma lei poder ser considerada “boa para o planeta”. São eles:
Estar de acordo com as leis da terra – ciclo biológico, ciclo do carbono, etc.
Ser feita com a participação das pessoas;
Seguir as boas práticas que existem no mundo.
“Basicamente, precisamos observar o que a terra precisa, o que o ser humano precisa e qual é a maneira menos prejudicial de satisfazer as necessidades humanas, enquanto regeneramos a terra. A ciência existe, as boas práticas podem ser copiadas, a lei só precisa seguir esse caminho”, declarou.
Por fim, ela deixou um recado claro: “Temos o dever de desobedecer a leis injustas”.
Curadoria do Farol
Produção: Francine Pereira, João Guilherme Brotto, Natasha Schiebel e Tom Schiebel
🥇 Paridade de gênero: a primeira medalha de ouro das Olimpíadas de Paris
Pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos terão paridade de gênero em número de atletas. De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), 10.500 atletas participarão das Olimpíadas de Paris, sendo 5.250 homens e 5.250 mulheres. Esses números estão distribuídos de forma mais equilibrada do que nunca, com paridade de gênero em 28 dos 32 esportes com medalhas em disputa.
👩🎓👨🎓 Estudantes do Sergipe desenvolvem tecnologia para purificar água
A solução desenvolvida por três adolescentes sergipanos tem custo de produção de apenas R$ 0,01 por litro e utiliza quiabos descartados como coagulante natural para tornar a água argilosa própria para consumo.
♻️ Senado aprova projeto de lei que apoia a economia circular
A Política Nacional de Economia Circular prevê, entre outros pontos, conscientizar a sociedade sobre o uso dos recursos naturais; estimular a pesquisa e a adoção de soluções em economia circular; e promover a gestão estratégica, o mapeamento e o rastreamento dos estoques e fluxos dos recursos no território nacional.
💰 Nestlé e SENAI vão investir R$ 6 milhões em projetos de inovação para o sistema alimentar
Chamada “Inovação em Alimentos: Transformando o Futuro do Sistema Alimentar” visa impulsionar iniciativas que resolvam desafios nas frentes de agricultura regenerativa, circularidade e energias renováveis.
🎤 Quem canta as mudanças climáticas espanta
Fundado em Bristol em 2022, “The Climate Choir Movement” se apresenta como a “ala moderada do protesto”, oferecendo uma abordagem alternativa para aqueles que desejam se envolver na causa climática.
Com mais de 600 membros em 11 corais, os participantes usam a música como meio de transmitir mensagens sérias sobre as mudanças climáticas de forma leve, realizando protestos criativos e chamativos.
Pensamentos que iluminam e ecoam
“Em geral, as pessoas podem mudar por consciência, coerência ou constrangimento. O mercado financeiro só vai mudar pelo constrangimento. Quando falamos em investimentos de impacto, não tem como ser diferente, pois os discursos não são genuínos. Já ouvi muitas vezes frases como ‘se tiver impacto com o mesmo retorno, eu invisto’. Só que para causar impacto positivo, você tem que abrir mão de alguma coisa. Esse investidor quer que os outros abram mão, não ele. Ele não está interessado no impacto, mas em ganhar o que sempre ganhou e que alguém da cadeia pague a conta.”
João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia
Você sabia que…
… cerca de uma a cada duas moradias brasileiras convive diariamente com algum tipo de privação no saneamento?
Além disso, de acordo com o estudo A vida sem saneamento – Para quem falta e onde mora essa população, da totalidade de 74 milhões de moradias brasileiras:
Quase 9 milhões não têm acesso à rede geral de água;
Quase 17 milhões contam com uma frequência insuficiente de recebimento;
Cerca de 11 milhões não têm reservatório de água;
Cerca de 1 milhão não têm banheiro;
E 22 milhões não contam com coleta de esgoto.
Sexta passada (22 de março) foi o Dia Mundial da Água. Aproveitamos a ocasião para relembrar esta reportagem que produzimos. Nela, falamos sobre o papel do poder privado no avanço do ODS 6 – que visa garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos – e apresentamos algumas iniciativas inspiradoras neste campo.
Empresas que são forças para o bem
Um dos negócios de impacto brasileiros com atuação relevante no avanço do ODS 6 é a SDW, uma startup que desenvolve tecnologias para tratamento e distribuição de água de forma mais sustentável e acessível.
A Aqualuz, por exemplo, purifica água não-potável usando a luz solar, sem produtos químicos ou filtros descartáveis.
A Aquapluvi é uma pia híbrida que permite tanto o uso da água de chuva como do sistema de abastecimento local para funcionar. Ou seja, a pia pode ser instalada em espaços públicos em regiões com ou sem acesso à água encanada.
Além disso, a startup realiza diagnóstico nas comunidades que têm deficiência de abastecimento de água para identificar os sistemas mais adequados. Depois, capacita os moradores para usarem as tecnologias, implanta os sistemas e faz monitoramentos para medir o impacto na vida dos moradores.
Anna Luísa Beserra, fundadora e CEO da SDW, vai palestrar no ChangeNOW. Quem sabe o João não volta de Paris com uma entrevista exclusiva com ela?!
Farol Recomenda
[Relatório] Earth Action Report
Na semana passada, o ChangeNOW (evento que estamos cobrindo em Paris) e a KPMG lançaram o relatório Earth Action Report.
O estudo analisa os problemas sistêmicos que impedem a ampliação da transição ecológica e social e propõe soluções criativas para preencher essas lacunas.
De acordo com o Earth Action Report, as principais prioridades para acelerar a transição ecológica e social são:
Proteção da biodiversidade e dos ecossistemas;
Aceleração da transição energética;
Resiliência às mudanças climáticas;
Redução das desigualdades sociais;
Gestão sustentável dos recursos hídricos.
Entre as ações estratégicas identificadas como caminho para acelerar o avanço nessas áreas estão:
📊 Redefinir o PIB como indicador de desempenho econômico
📚 A importância da reforma educacional
⚖️ A necessidade de um quadro regulatório fortalecido
O relatório completo, em inglês, está disponível aqui. Vale a leitura!
[Filme] Wild Life
Em 2022, passei uma temporada na Patagônia argentina com o João (meu marido e sócio).
Assim que chegamos lá, ele me contou superficialmente a história de Kristine e Douglas Tompkins, dois norte-americanos que compraram (muitas!) terras na Patagônia chilena com o objetivo preservá-las e estruturá-las para depois doá-las ao governo local, que teria diversos parques nacionais prontos para gerenciar.
Esse pouco que eu sabia da história já me fascinava, mas neste fim de semana assisti ao documentário Wild Life (disponível no Disney+) e fiquei ainda mais encantada. É uma história linda de amor – à vida, ao planeta, aos parceiros de jornada e à natureza.
[Entrevista] Kris Tompkins anuncia parceria com ONG brasileira para criar corredor de vida selvagem na América do Sul
Depois de assistir ao documentário Wild Life, lembrei que há algumas semanas tinha visto que a Kris Tompkins tinha dado uma entrevista para o pessoal da Um só planeta e da Época Negócios, e resolvi ler.
Na entrevista, ela relembra um pouco da sua história como filantropa e conta que, por meio de uma parceria com a Onçafari (ONG brasileira que atua na conservação da biodiversidade), vai ajudar a criar um corredor de vida selvagem na América do Sul, conectando as terras alagadas do Parque Nacional Iberá, na Argentina, ao Pantanal brasileiro, passando pelo Paraguai.
[Livro] Let my people go surfing
Por fim, já que estamos na onda Patagônia, queria recomendar o livro Lições de Um Empresário Rebelde (Let my people go surfing, na versão original), escrito por Yvon Chouinard (fundador da marca de roupas que leva o nome da região e grande amigo de Kris e Doug Tompkins).
O livro é uma autobiografia de Yvon Chouinard, mas é também um excelente manifesto sobre qual deveria ser o papel das organizações na vida das pessoas e do planeta.
Ainda não cheguei à metade do livro, mas já digo: vale a leitura.
Vem aí: Estudo B #6 – Tendências ESG para 2024 e além
Nos últimos meses, nossa equipe se dedicou a analisar profundamente 20 relatórios lançados este ano por algumas das principais casas de tendências e consultorias do mundo.
O objetivo? Identificar o que de fato tem o potencial de impactar o mercado brasileiro e “traduzir” as principais descobertas para a realidade nacional.
A partir dessa análise, produzimos o Estudo B #6 – Tendências ESG para 2024 e além. Nele, desenhamos o panorama atual da agenda social, ambiental e de governança e identificamos as principais tendências ESG que devem impactar as estratégias das organizações neste e nos próximos anos.
Ao ler o Estudo B #6: Tendências ESG para 2024 e além, você vai entender
O cenário atual do mercado ESG e seu impacto nas estratégias das organizações no Brasil e no mundo.
O contexto social, ambiental e econômico que está impulsionando a adoção dos pilares ESG nas empresas.
Como as novas regulamentações e a pressão dos stakeholders estão conduzindo essas mudanças.
Quais são as principais tendências na área ambiental, na área social e na área de governança.
Os desafios que precisam ser superados para que as estratégias ESG avancem.
O que 20 especialistas pensam sobre os principais movimentos que devem impactar a adoção da agenda ESG nas empresas em 2024 e além.
Riscos e oportunidades para sua empresas navegar as tendências ESG de forma estratégica.
Cases práticos que mostram as tendências ESG na prática em diferentes mercados.
O Estudo B #6 será lançado esta semana. Fique de olho nas nossas redes sociais (LinkedIn e Instagram) para não perder.
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